Universalização
INFORMAÇÕES GERAIS
Uma linha de cuidados às doenças do sono é implantada no SUS, tendo como base as melhores práticas e diretrizes clínicas. Só assim a conduta médica é padronizada para que todo paciente brasileiro receba o melhor tratamento disponível.
Na terceira e última fase do Projeto Hermes Brasil, o objetivo é analisar todo o conhecimento adquirido pela análise das evidências científicas, dos dados coletados pela realização dos projetos-pilotos de cinco centros médicos, para comparar como a intervenção feita com o CPAP e Telemonitoramento foi capaz de melhorar o desfecho clínico dos pacientes apresentando resultados sustentáveis de custo-efetividade.
A expectativa é que esses resultados sejam usados na fase final do projeto como o grande pontapé para universalizar o melhor modelo de cuidado para aprimorar a qualidade de sono (e a vida) dos brasileiros, permitindo a rápida identificação de pacientes e garantindo pronto acesso ao diagnóstico simplificado e ao melhor tratamento disponível.
Com a confirmação dos benefícios clínicos e econômicos do tratamento da Apneia Obstrutiva do Sono, por exemplo, o Projeto Hermes Brasil solicitará ao Ministério da Saúde a criação de uma linha de cuidado no SUS para tratar o paciente diagnosticado com o CID G47.3 (Apneia do Sono), corroborando às metas apresentadas no Plano Nacional de Ações Estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas e agravos não transmissíveis no Brasil (2021-2030).
Com isso, uma grande etapa vinculada às doenças crônicas do sono será suplantada e a população brasileira passará a contar com um acesso equitativo, universal e gratuito à melhor linha de cuidado e tratamento disponível.
PROTOCOLOS ESTADUAIS
Nessa etapa da universalização, os protocolos devem responder às necessidades em saúde da população-alvo e, assim como a população brasileira, isso é distinto em diferentes locais do País.
Há regiões onde o acesso ao diagnóstico existe e outras que ainda precisam ser implementadas medidas para resolver esta questão. O mesmo acontece com o tratamento. No caso da Apneia Obstrutiva do Sono, existem estados que já oferecem o CPAP com telemonitoramento como opção terapêutica, mas a maioria ainda não conta com essa tecnologia, apesar de o equipamento estar disponível na Relação Nacional de Equipamentos e Materiais Permanentes financiáveis pelo SUS (RENEM).
Portanto, os protocolos já vigentes precisam ser bem avaliados, pois já estão pactuados e contemplados juntos com as propostas elaboradas pelo Projeto Hermes Brasil.
JUDICIALIZAÇÃO
Na etapa final do Projeto Hermes Brasil, após a universalização do conhecimento e evidências científicas coletadas, a expectativa é de que a prática da judicialização para o acesso ao diagnóstico e tratamento diminua consideravelmente. Mas para que isto ocorra, é preciso que o cuidado seja padronizado em todo o País.
Outro ponto importante é que com a universalização do conhecimento e práticas integradas para o cuidado, profissionais da Saúde de diferentes áreas possam colaborar com o projeto. Isso provocará discussões de alto nível, sempre direcionadas à evolução das políticas públicas, à qualidade do serviço e à melhora da assistência da população.
CUSTO-EFETIVIDADE
No âmbito de análises clínicas e econômicas, mais que apenas uma plataforma de informações sobre medicina do sono, o Projeto Hermes Brasil visa em sua conclusão ser uma referência crítica, que possa contribuir com a elaboração de políticas públicas e privadas, sendo uma fonte segura de informações para gestores de saúde se embasarem e tomarem decisões bem fundamentadas.
Com o tempo, serão ampliadas as ações e outros desdobramentos de acordo com as necessidades dos pacientes e seguindo regras do próprio projeto, que levam em consideração a distribuição do dinheiro público e os custos para o diagnóstico situacional. O projeto também preza pela validação científica de todas as suas etapas, certificada por respeitados pesquisadores e cientistas independentes para dar mais robustez às informações divulgadas aos brasileiros.
Por fim, este projeto se inicia com o mapeamento situacional da Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), pois dentre as doenças do sono, as evidências indicam que hoje, a AOS é a doença crônica não-transmissível mais prevalente no Brasil, presente em 32,9% da população (Tufik et al, 2010), enquanto 7,4% têm diabetes, 24,5% têm hipertensão e 20,3% estão obesos (Vigitel, 2019) . Porém, ainda não há uma linha de cuidado dedicada para garantir a uniformidade da atenção para o paciente com este distúrbio respiratório do sono. E é isto que o Projeto Hermes Brasil busca subsidiar tecnicamente.
Fontes consultadas: Alan Eckeli, neurologista especializado em Medicina do Sono; Daniela Pachito, neurologista e neurofisiologista clínica, especialista em medicina do sono; Douglas Graciano da Silva, gerente de Acesso ao Mercado na ResMed e Luciano Drager, médico cardiologista especialista em Medicina do Sono.