Síndrome das pernas inquietas

A agitação involuntária e as alterações de sensibilidade nos membros inferiores costumam piorar com o avanço da idade e os episódios são mais frequentes no período de sono.

A síndrome das pernas inquietas (SPI), como o nome sugere, é uma doença caracterizada pela necessidade irresistível de mover as pernas, ou ainda outros membros como braços. Estima-se que a prevalência varie entre 3,9% e 14,3% na população geral, e geralmente, ela tende a aumentar com o passar da idade.

Além da movimentação e inquietação, é possível observar em pacientes com a síndrome sintomas em período de repouso como sensação de arrepio constante, formigamentos, dores nos membros superiores e inferiores e agitação nos momentos que precedem o sono. Também pode ser recorrente o hábito de despertar durante a noite para mexer as pernas ou braços. Costuma ser associada com uma carga maior em pessoas estressadas.

Estipula-se que a principal causa esteja relacionada a fatores genéticos, sendo uma doença passada entre gerações. Contudo, fatores como uso de medicamentos de forma inadequada, consumo de álcool e drogas e deficiência de ferro podem fazer com que o problema apareça.

DIAGNÓSTICO

Assim como no caso da insônia, o diagnóstico para síndrome das pernas inquietas requer exames clínicos e uma conversa sobre o histórico do paciente com um profissional de medicina do sono.

Na análise, o profissional de saúde irá perceber se a vontade de se movimentar do paciente é irresistível, causando sensação de alívio ou reconforto após a ação. Também observará se sintomas desagradáveis ou que causem desconforto são consequências.

Em casos mais graves, é possível realizar um exame de polissonografia para verificar se o paciente também apresenta um distúrbio do movimento periódico dos membros, porém, o teste não é obrigatório para um parecer diagnóstico preciso. Por fim, exames de sangue podem ser necessários para avaliar deficiências nutricionais que estariam associadas à síndrome das pernas inquietas.

Outro fator notável é que pacientes com a síndrome tendem a ter uma reação inicial ao tratamento com agentes dopaminérgicos em doses menores do que as usadas para o controle de outras doenças, como o Parkinson.

TRATAMENTO

Existem medicamentos capazes de auxiliar no tratamento da síndrome das pernas inquietas. É o caso de fármacos como pramipexol e ropinirol. Eles são indicados para o alívio das dores e a diminuição dos espasmos, mas sua administração sempre necessita do acompanhamento de um profissional de medicina do sono.

Em determinados casos em que há uma deficiência de ferro ou o princípio de anemia ferropriva, pode ser indicado um suplemento do mineral para obter níveis regulares da substância no sangue.

Em relação ao uso de tratamentos não-farmacológicos, apenas uma melhor higiene do sono está ligada à melhora da diminuição de sintomas associados à doença. O uso de substâncias calmantes fitoterápicas ou de toxina botulínica são contraindicados, já que não existem informações científicas suficientes que apoiem sua utilização.

O uso de substâncias calmantes fitoterápicas ou de toxina botulínica são contraindicados, já que não existem informações científicas suficientes que apoiem sua utilização.

IMPACTO SÓCIO-ECONÔMICO

Não existe um momento certo e nem uma quantidade constante de episódios da síndrome das pernas inquietas, podendo ocorrer a qualquer hora e intensidade. Os espasmos podem impactar na vida social dos pacientes, atrapalhando situações como reuniões, idas a locais públicos e horários das refeições.

Em muitos casos, pessoas com a síndrome buscam formas de parar os movimentos de imediato, como fazer caminhadas, massagens, alongamentos ou aplicar água quente.

Apesar de acometer um número elevado da população, a SPI não é um problema amplamente discutido. Por isso, é preciso adotar políticas públicas que ajudem na conscientização sobre a doença e seus tratamentos.

Fontes consultadas: Alan Eckeli, neurologista especializado em Medicina do Sono; Douglas Graciano da Silva, gerente de Acesso ao Mercado na ResMed e Luciano Drager, médico cardiologista especialista em Medicina do Sono.

Tratar as doenças do sono beneficia o indivíduo e a sociedade

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