Apneia do sono

A Apneia Obstrutiva do Sono costuma ser caracterizada por obstruções parciais ou completas na respiração, que acontecem durante o sono. Pode se manifestar de forma leve ou grave, ocorrendo de dezenas a centenas de vezes à noite. É bastante motivada pelo envelhecimento da população e pela epidemia de obesidade mundial, sendo comum também em pacientes com hipertensão, depressão e diabetes mellitus tipo 2.

É a mais prevalente das doenças crônicas do sono e está ligada a uma série de fatores de risco. É mais comum em adultos acima dos 35 anos e, principalmente, em pessoas obesas. A Associação Brasileira do Sono calcula que 30% dos brasileiros sofrem com a doença.

DIAGNÓSTICO

Apesar da alta prevalência na população, a Apneia do Sono ainda é uma doença pouco diagnosticada. E isso se deve a uma série de fatores, entre eles a banalização do hábito de roncar, que muitas vezes não é identificado como um sintoma a ser investigado, até a falta de sinais clássicos do quadro em alguns pacientes, como a sonolência diurna.

Outro fator que atrasa o diagnóstico é a não-identificação dos sintomas clínicos por diferentes profissionais da saúde e até mesmo a falta de proatividade na avaliação diagnóstica da qualidade do sono.

Mas, uma vez que exista a suspeita de Apneia Obstrutiva do Sono, o exame diagnóstico recomendado é a poligrafia, que pode ser feita em laboratório ou em casa, com aparelhos portáteis, que já são oferecidos pelo sistema de saúde privado. No Sistema Único de Saúde (SUS), o diagnóstico por meio da Polissionografia (PSG) é disponibilizado gratuitamente, porém a espera pelo diagnóstico pode ser longa, devido à limitação de leitos para realização do exame.

Vale destacar que a maior parte dos centros de diagnóstico disponíveis estão mais concentradas na região Sudeste do que no restante do Brasil. E isso demonstra o quanto elas são pontuais e heterogêneas, evidenciando ainda mais a necessidade de se estruturar linhas de atenção relacionadas ao diagnóstico do sono.

TRATAMENTO

O tratamento da Apneia Obstrutiva do Sono depende dos sintomas apresentados por cada paciente, bem como de suas características individuais. E, para que os profissionais de Saúde conheçam esses dados, existem monitores portáteis que podem ser usados durante a noite e mostram a gravidade da obstrução respiratória, uma informação essencial para a escolha do tratamento mais eficaz.

Há ainda que se considerar as particularidades de cada pessoa como o formato da via aérea, do nariz, da mandíbula, da amídala e de outros órgãos do sistema respiratório, pois alguns pacientes possuem bloqueios respiratórios por conta da própria anatomia.

O tratamento ouro para a Apneia Obstrutiva do Sono é o CPAP (Continuos Positive Air Pressure) que nada mais é que um equipamento que gera pressão positiva nas vias aéreas, fazendo com que a potência da mesma seja restabelecida. O ar pressurizado é enviado ao paciente por meio de uma máscara nasal ou orofacial.

E em último caso, apenas para os casos mais graves, pode ser recomendada uma cirurgia para corrigir a obstrução.

Os brasileiros atendidos exclusivamente pelo SUS, um total de 75% da população, possuem um acesso muito restrito à polissonografia, dificultando o diagnóstico da Apneia obstrutiva do sono afetando a qualidade do sono, produtividade e qualidade de vida desses indivíduos.

IMPACTO SÓCIO-ECONÔMICO

A Apneia Obstrutiva do Sono deveria estar na pauta recorrente de políticas públicas de saúde. A falta de diagnóstico e de tratamento adequado pode acarretar em muitas consequências negativas aos pacientes, inclusive em acidentes de trânsito, queda da produtividade do trabalhador e até mesmo o desenvolvimento e/ou agravamento de outras comorbidades como diabetes, obesidade e hipertensão.

A dificuldade de acesso ao diagnóstico e tratamento é um problema latente no Brasil, especialmente entre a população atendida exclusivamente pelo SUS, o que equivale a cerca de 75% dos brasileiros. Em regiões de difícil acesso, por exemplo, a falta de exames e de profissionais da saúde capacitados em doenças do sono pode atrasar ainda mais o diagnóstico correto. Neste sentido, é preciso dialogar sobre a maneira mais eficiente de prover saúde garantindo uma linha de cuidado integral ao paciente.

Adicionalmente, a falta de protocolos assistenciais bem estabelecidos contribui para que a doença seja negligenciada entre diferentes profissionais de saúde. É importante ressaltar que, atualmente, ainda existe um baixo conhecimento profissional em relação às doenças crônicas do sono. O tema foi incluído apenas recentemente em treinamentos médicos, e ainda existem muitos médicos e outros profissionais de saúde que desconhecem os distúrbios ligados à qualidade do sono.

Como consequência desse cenário, ocorre um aumento insustentável do custo do tratamento a partir do aumento da judicialização. Tal fato vem sendo discutido dentro da literatura científica e comprovadamente exemplifica que não ter uma linha de cuidado integral e específica pode causar, além da demora no acesso ao diagnóstico e tratamento, um aumento desenfreado de custos não programados pelo sistema público de saúde. Esta situação precisa ser conhecida, debatida e solucionada pelas autoridades competentes.

Fontes consultadas: Alan Eckeli, neurologista especializado em Medicina do Sono; Douglas Graciano da Silva, gerente de Acesso ao Mercado na ResMed e Luciano Drager, médico cardiologista especialista em Medicina do Sono.

Referências bibliográficas:

José A. et al. Comorbidities Associated with Obstructive Sleep Apnea: a Retrospective Study. International Archives of Otorhinolaryngology, Apr-Jun 2016.

Christine H. et al. Sex differences in obstructive sleep apnea phenotypes, the multi-ethnic study of atherosclerosis. SLEEP, 2020.

Tratar as doenças do sono beneficia o indivíduo e a sociedade

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