Narcolepsia
Estima-se que 150 mil pessoas no País sofram com esse distúrbio crônico que faz o indivíduo experimentar sintomas como sonolência diurna, sono fragmentado e paralisia do sono. É uma causa importante de afastamento do trabalho.
A doença se caracteriza como um distúrbio neurológico capaz de afetar as funções cerebrais de controle dos ciclos de sono-vigília. Dessa forma, pacientes com narcolepsia costumam se sentir descansados logo que acordam, mas, em contrapartida, podem sentir muito sono durante o restante do dia. Sintomas como sono irregular e interrompido e quebra na frequência de sono noturno são considerados comuns.
Apesar de ainda não existirem dados precisos sobre os números de pacientes em tratamento, estima-se que apenas um em cada quatro pessoas com narcolepsia foi diagnosticada e está recebendo tratamento adequado ao redor do mundo. Sabe-se também que a prevalência é similar entre homens e mulheres, mas atinge principalmente o grupo etário entre 7 e 25 anos de idade.
Em relação à causa da doença, a ciência acredita que o principal fator está ligado aos riscos ambientais que são capazes de desencadear o transtorno, como doenças autoimunes, histórico familiar e lesões cerebrais.
DIAGNÓSTICO
Os sintomas mais presentes em pacientes com narcolepsia incluem sono diurno excessivo (SDE), cataplexia (perda de sono muscular), alucinações, paralisia do sono e sono noturno perturbado, por causa do aumento da quantidade de despertares durante a noite. Acredita-se que uma em cada dez pessoas com a doença apresenta todos esses sintomas, sendo a cataplexia o mais específico e recorrente.
Para o diagnóstico preciso, é imprescindível a realização de um exame clínico com histórico médico detalhado. Alguns especialistas sugerem a adoção de um diário de sono para o paciente anotar, ao longo de uma ou duas semanas, os principais sintomas perceptíveis na hora de dormir.
Também pode ser indicado um exame físico para descartar ou identificar condições neurológicas associadas à doença, capazes de causar os sintomas citados. Os principais incluem a polissonografia e o teste de latência múltipla do sono. A principal diferença entre eles é que o primeiro mede o sono REM durante a noite, enquanto o segundo avalia a sonolência diurna.
Ocasionalmente, também pode ser necessário medir o nível de hipocretina, um hormônio cerebral. Para realizar esse teste, o profissional de saúde coleta uma amostra do líquido cefalorraquidiano por meio de uma punção lombar e mede o nível do hormônio. Níveis baixos de hipocretina quase certamente indicam narcolepsia na falta de outras comorbidades associadas.
Vale ressaltar que os exames citados ainda não estão disponíveis pelo SUS. Em alguns casos, é possível encontrar parte deles gratuitamente em algumas instituições de pesquisa ou hospitais universitários.
TRATAMENTO
Embora não exista uma cura para a narcolepsia, é possível controlar parte dos sintomas por meio de medicamentos e mudanças no estilo de vida, principalmente a sonolência diurna excessiva e a cataplexia.
A lista de medicamentos indicados inclui modafinila, estimulantes semelhantes às anfetaminas, oxibato de sódio e antidepressivos, todos com prescrição e acompanhamento constante feito por um profissional de Saúde especializado em medicina do sono.
Em relação às mudanças no estilo de vida, pode-se citar a adoção de hábitos de higiene do sono, como um banho quente para relaxar antes de dormir, evitar o consumo de refeições calóricas e pesadas, cafeína, tabaco e álcool à noite, além da adoção de exercícios físicos e a manutenção de um ritmo regular de horários na rotina de sono. Para algumas pessoas, tirar pequenos cochilos programados durante o dia pode facilitar a regulação do sono.
Apenas um em cada quatro pessoas com narcolepsia foi diagnosticada e está recebendo tratamento adequado ao redor do mundo
IMPACTO SÓCIO-ECONÔMICO
Na sociedade, a narcolepsia pode afetar diferentes atividades diárias, desde reuniões de trabalho até acidentes de trânsito, já que não há um controle voluntário do sono. Além disso, a cataplexia pode fazer com que o corpo do indivíduo sinta fraqueza e até paralisia, fazendo com que o número de acidentes laborais seja maior.
São necessários mais estudos capazes de mensurar a quantidade de pessoas com a doença e de sistemas de saúde acessíveis à população para o diagnóstico e tratamento assertivo da narcolepsia.
Fontes consultadas: Alan Eckeli, neurologista especializado em Medicina do Sono; Douglas Graciano da Silva, gerente de Acesso ao Mercado na ResMed e Luciano Drager, médico cardiologista especialista em Medicina do Sono.
Referências bibliográficas:
Richard J. et al. Narcolepsia. Manual MSD – Merck.
Narcolepsy Fact Sheet. NIH, 2020.