Insônia

É um dos distúrbios do sono mais comuns. 34% da população brasileira relata passar noites em claro. Acontece por uma desregulação cerebral entre o sono e a vigília e pode surgir em episódios isolados ou como consequência de outros quadros, como depressão e alterações hormonais e neurológicas.

A dificuldade de adormecer ou de manter-se adormecido, é mais prevalente em adultos mais velhos, especificamente entre as mulheres, portadores de diabetes e em pessoas diagnosticadas com transtornos psiquiátricos. Mas durante a pandemia de coronavírus, calcula-se que houve um aumento de até 36,7% nos relatos de insônia em todo o mundo.

Pode surgir por conta de uma higiene do sono inadequada, causada por hábitos como consumo de cafeína, uso de telas, fármacos e outros estimulantes próximos à hora de dormir. Também pode ser causada pela prática de exercícios em horários tardios, excitação momentos antes de se deitar e fragmentação do sono ao longo do dia.

DIAGNÓSTICO

A insônia é um distúrbio do sono que, apesar de prevalente, muitas vezes passa despercebido por um médico de atenção primária em até 33% dos casos, a menos que sua investigação seja solicitada pelo próprio paciente.

O diagnóstico preciso deve ser realizado inicialmente de forma clínica, por meio da anamnese completa feita pelo profissional de Saúde. Em casos onde os sintomas são mais graves, com suspeita de fatalidade, pode ser necessário um estudo de sono por meio do exame de polissonografia. Pelo SUS, a polissonografia, para esta doença, ainda não está disponível e só é realizada gratuitamente por algumas instituições de pesquisa ou por hospitais universitários.

Também é recomendado um exame genético para confirmar se o diagnóstico tem relação com o histórico familiar. Por fim, em alguns casos, uma tomografia com emissão de pósitrons pode auxiliar na confirmação do diagnóstico.

É muito importante ao diagnóstico distinguir a dificuldade do paciente em adormecer, ou seja, a insônia no início do sono, com a dificuldade de se manter adormecido e/ou acordar precocemente, considerada uma insônia de manutenção do sono. As causas são distintas entre essas duas apresentações do distúrbio e podem incluir desde fobias e traumas na infância, como no primeiro caso; até depressão e problemas de saúde mental na fase adulta em relação à insônia de manutenção do sono.

TRATAMENTO

O tratamento ideal combina o uso de estratégias cognitivo-comportamentais com hipnóticos. Isso porque a insônia está diretamente associada a fatores como ansiedade e falta de concentração, que precisam ser controlados junto à dificuldade de adormecer.

Quando implementadas, as estratégias cognitivo-comportamentais podem oferecer efeitos duradouros, capazes de persistir por até dois anos após a finalização do tratamento. Tais ações incluem controle de estímulos, treinamentos ligados ao relaxamento, terapias cognitivas e hábitos de higiene do sono, entre outros.

Já os hipnóticos devem ser considerados para casos em que os pacientes necessitam de um alívio mais imediato, em situações em que a fadiga e a sonolência diurna excessiva é constante. Vale reiterar que os fármacos necessitam de uso definido e controlado por um profissional de medicina do sono.

Durante a pandemia de coronavírus, calcula-se que houve um aumento de até 36,7% nos relatos de insônia em todo o mundo

IMPACTO SÓCIO-ECONÔMICO

A ciência comprova que a insônia afeta negativamente o desempenho no ambiente de trabalho, sendo capaz de prejudicar a tomada de decisões e os relacionamentos profissionais, além de aumentar as chances de acidentes de trabalho e com veículos automotivos, levando a um declínio na qualidade de vida em geral.

E assim como acontece com outras doenças relacionadas à medicina do sono, ainda faltam recursos acessíveis por meio do sistema público de saúde, que facilitem o diagnóstico e tratamento adequado para pacientes insones.

Cabe também ao Ministério da Saúde e aos diferentes órgãos governamentais buscar uma solução, junto à sociedade e às associações de medicina do sono, para encontrar meios facilitados que consigam diminuir os custos com a judicialização para o acesso ao diagnóstico e ao tratamento da doença.

Fontes consultadas: Alan Eckeli, neurologista especializado em Medicina do Sono; Douglas Graciano da Silva, gerente de Acesso ao Mercado na ResMed e Luciano Drager, médico cardiologista especialista em Medicina do Sono.

Tratar as doenças do sono beneficia o indivíduo e a sociedade

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